Estudo Quantitativo de Répteis Recebidos em Centros de Triagem de Animais Silvestres da Bahia, Brasil, de 2009 a 2019

Autores

Resumo

A manutenção de espécies exóticas não convencionais como animais de estimação pode incentivar o comércio ilegal indiscriminado, afetando a fauna, especialmente os répteis. Informações sobre a movimentação desses animais retirados indevidamente da natureza e encaminhados aos Centros de Triagem de Animais Silvestres são uma ferramenta importante para aprimorar as ações de fiscalização no combate ao comércio ilegal de animais silvestres nativos e não nativos. O objetivo deste estudo foi identificar, quantificar e analisar as espécies de répteis recebidas por três unidades no estado da Bahia: unidades Salvador e Vitória da Conquista - entre 2009 e 2019 - e unidade Porto Seguro entre 2010 e 2016. O levantamento foi realizado utilizando os dados contidos nos Termos de Entrada de Animais Silvestres, abrangendo apreensões, entregas voluntárias, resgates e transferências. Foram encontrados registros de 12.007 répteis, dos quais 6.405 (53,34%) foram provenientes de resgates; 2.387 (19,88%) de entregas voluntárias; 1.988 (16,56%) de transferências e 1.141 (9,50%) de apreensões. Não foi possível estabelecer a modalidade de recepção para 86 (0,72%) espécimes. As espécies mais frequentemente registradas foram: Chelonoidis carbonaria (jabuti-de-patas-vermelhas, 55,03%), Boa constrictor (jiboia-comum, 13,13%), Chelonoidis denticulatus (jabuti-de-patas-amarelas, 6,47%) e Iguana iguana (iguana-verde, 5,72%). A análise dos dados revelou que o maior fluxo de répteis para os três centros veio dos municípios de Vitória da Conquista, Salvador, Santo Antônio de Jesus e Feira de Santana. Os dados deste estudo indicam os resgates como a modalidade mais frequente de entrada de répteis nos Centros de Triagem de Animais Silvestres do estado da Bahia.

Palavras-chave: Iguana. Tartaruga. Jiboia Comum. Comércio Ilegal.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVES, R.R.N. et al. Hunting strategies used in the semi-arid region of northeastern Brazil. Rev. Etnobiol. Etnomed., v.5, p. 12, 2009b. doi: https://doi.org/10.1186/1746-4269-5-12

ALVES, R.R.N. et al. Keeping reptiles as pets in Brazil: ethnozoological and conservation aspects. J. Nat. Conserv., v.49, p.9-21, 2019. doi: https://doi.org/10.1016/j.jnc.2019.02.002

ALVES, R.R.N. et al. Reptiles used for medicinal and magic religious purposes in Brazil. Herpetol. Aplic., v.6, n.3, p.257-274, 2009a. doi: https://doi.org/10.1163/157075409X432913

ALVES, R.R.N.; ROCHA, L.A. Fauna at home: animals as pets. In: ALVES, R.R.N.; ALBURQUERQUE, U.P. Ethnozoology. Londres: Elsevier, 2018. p.303-349. doi: https://doi.org/10.1016/B978-0-12-809913-1.00016-8

BANK, O. et al. Lista de verificação do catálogo da vida (Checklist Anual 2023). [s.l.]: Catálogo da Vida, 2023.

BARBOSA, B. et al. Mercado de produtos e serviços para animais silvestres de estimação no município de Belém (PA). Pubvet, v.12, n.4, 2018. doi: https://doi.org/10.22256/pubvet.v12n4a78.1-7

BENINDE, J. et al. Ambitious advances of the European Union in the legislation of invasive alien species. Conserv. Lett., v.8, n.3, p.199-205, 2015. doi: https://doi.org/10.1111/conl.12150

BOELONI, J.N. Principais características biológicas de Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) e sua helmintofauna no Brasil. In: DEMINICIS, B.B.; MARTINS, C.B. (Org.). Topicos especiais em Ciência Animal. Porto Alegre: CAUFES, 2014. p.242-250.

BORGES, R.C. et al. Diagnóstico da fauna silvestre apreendida e recolhida pela Polícia Militar de Meio Ambiente de Juiz de Fora, MG (1998 e 1999). Rev. Bras. Zooc., v. 8, n.1, 2006.

BRASIL. IBAMA. Portaria n.º 93, de 7 de julho de 1998. Dispõe sobre importação e exportação de fauna silvestre. Brasília: IBAMA, 1998.

BRASIL. Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 fev. 1998.

BRASIL. Portaria MMA nº148, de 7 de junho de 2022. Atualiza a lista nacional de espécies ameaçadas.

BRASIL. Portaria MMA nº 444, de 17 de dezembro de 2014. Lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 2014.

CAVALCANTI, C.A.T.; NUNES, V.S. O tráfico da avifauna no nordeste brasileiro e suas consequências socioambientais. Rev. Ciênc. Vet. Saúde Pública, v.6, n.2, p.405-415, 2019. doi: https://doi.org/10.4025/revcivet.v6i2.44117

CLARK, N.E. et al. Biodiversity, cultural pathways, and human health: a framework. Trends Ecol. Evol., v.29, n.4, p.198-204, 2014. doi: https://doi.org/10.1016/j.tree.2014.01.009

COSTA, H.C.; BÉRNILS, R.S. Répteis do Brasil e suas Unidades Federativas: lista de espécies. Herpetol. Bras., v.7, n.1, p.11-57, 2018.

DESTRO, G.F.G. et al. Efforts to combat wild animals trafficking in Brazil. In: LAMEED, G.A. Biodiversity Enrichment in a Diverse World. Rijeka: InTech, 2012. p.421-443. doi: http://dx.doi.org/10.5772/48351

DESTRO, G.F.G. Tráfico de animais silvestres: da captura ao retorno à natureza. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2018.

DIAS, M.B.F.; CUNHA, H.F.A.; DIAS, T.C.A.C. Caracterização das apreensões de fauna silvestre no estado do Amapá, Amazônia oriental, Brasil. Biota Amaz., v.4, n.1, p.65-73, 2014. doi: https://doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v4n1p65-73

FERREIRA, J.M.; COSTA, F.J.V. Fortalecendo parcerias a favor da biodiversidade. In: COSTA, F.J. (Org.). Ciência contra o tráfico: avanços no combate ao comércio ilegal de animais silvestres. João Pessoa: IMPRELL, 2017. p.23-50.

FONSECA, E. et al. Reptile pet trade in Brazil: a regulatory approach to sustainable biodiversity conservation. Conserv. Sci. Pract., v.3, n.10, e504, 2021. doi: https://doi.org/10.1111/csp2.504

FONSECA, E.; BOTH, C.; CECHIN, S.Z. Introduction pathways and socio‐economic variables drive the distribution of alien amphibians and reptiles in a megadiverse country. Divers. Distrib., v.25, n.7, p.1130-1141, 2019. doi: https://doi.org/10.1111/ddi.12920

FRANCO, B.T.S.; TOREZANI, J.; PIGOZZO, C.M. Entrega voluntária de avifauna silvestre no CETAS de Salvador Bahia, 2016. Candombá Rev. Virtual, v.12, n.1, p.15-27, 2016.

FREIRE, B.C. et al. Cutaneous mycobiota of boid snakes kept in captivity. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.71, n.4, p.1093-1099, 2019. doi: https://doi.org/10.1590/1678-4162-1099

HERREL, A.; VAN DER MEIJDEN, A. An analysis of the live reptile and amphibian trade in the USA compared to the global trade in endangered species. Herpetol. J., v.24, n.2, p.103-110, 2014.

KAR, D.; SPANJERS, J. Transnational crime and the developing world. Global Financial Integrity, v.53, p.53-59, 2017.

LAWSON, K.; VINES, A. Global impacts of the illegal wildlife trade: the costs of crime, insecurity and institutional erosion. Londres: Chatham House, 2014.

LIMA, O.T. et al. Manejo reprodutivo de jiboias e outros boídeos criados em cativeiro. Rev. Bras. Reprod. Anim., v.43, n.2, p.276-283, 2019.

MARQUES, S.M.T. et al. Avaliação parasitológica de pets não convencionais atendidos em hospital universitário público em 2018: relato de caso. Rev Agrár. Acad., v.3, n.3, p.237-241, 2020. doi: https://doi.org/10.32406/v3n32020%2F237-241%2Fagrariacad

MAYER, J.; BAYS, T.B.; LIGHTFOOT, T. Exotic pet behavior: birds, reptiles, and small mammals. W. B. Saunders, 2006. doi: https://doi.org/10.1016/B978-1-4160-0009-9.50010-4

MELO, W.G.G. et al. Répteis depositados no CETAS/IBAMA, Teresina-Piauí. Braz. J. Anim. Environ. Res., v.3, n. 3, p.2282-2287, 2020. doi: https://doi.org/10.34188/bjaerv3n3-140

MOREIRA, L. et al. Occurrence of chelonia mydas on the island of trindade, Brazil. Marine Turtle Newsletter, v.70, p.1-2, 1995.

MOURA, S.G. et al. Animais silvestres recebidos pelo centro de triagem do IBAMA no Piauí no ano de 2011. Enciclop. Biosfera, v.8, n.15, p. 1748-1762, 2012.

MURAOKA, T.R. Tráfico de fauna silvestre pelos correios no Brasil: uma análise quantitativa e qualitativa. 2019.

NASCIMENTO, J.S.D. et al. Espécies silvestres alojadas no Centro de Triagem de Animais Silvestres/Acre: implicações conservacionistas. Semina Ciênc. Biol. Saúde, v.37, n.1, p.63-76, 2016. doi: https://doi.org/10.5433/1679-0367.2016v37n1p63

OKULEWICZ, A.; KAŹMIERCZAK, M.; ZDRZALIK, K. Endoparasites of exotic snakes (Ophidia). Helminthologia, v.51, n.1, p.31-36, 2014. doi: https://doi.org/10.2478/s11687-014-0205-z

OLIVEIRA, E.S.; TORRES, D.F.; ALVES, R.R.N. Wild animals seized in a state in Northeast Brazil: Where do they come from and where do they go? Environ. Develop. Sustainab., v.22, p.2343-2363, 2020. doi: https://doi.org/10.1007/s10668-018-0294-9

PEREIRA, A.A.; DALLA NORA, G. Reflexões sobre o tráfico de animais silvestres no estado de Mato Grosso-Brasil. Biodiversidade, v.20, n.2, 2021.

PESSOA, T.S.A. et al. Representatividade de primatas no Centro de Triagem de Animais Silvestres da Paraíba entre os anos 2005 e 2010. In: PASSOS, F.C.; MIRANDA, J.M.D. A Primatologia no Brasil. Curitiba: SBPr, 2014, p.330-337.

PINTO, C.M.; TOREZANI, J.; PIGOZZO, C.M. Situação do resgate de fauna para o centro de triagem de animais silvestres (CETAS) de Salvador/BA em 2015. Candombá Rev. Virtual, n.2, p.54-70, 2016.

RENCTAS - Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. 1st National Report on the Traffic of Wild Animals (Brazil). 2014. Disponível em: https://www.renctas.org.br/wp-content/uploads/2014/02/RELATORIO-INGLES_final.pdf. Acesso em: 12 jan. 2025.

SANTOS, M.C. et al. Quantitative study of wild animals received at the Wild Animals Triage Centers (CETAS) in Bahia and identification of trafficking routes. Pesq. Vet. Bras., v.41, e06942, 2021. doi: https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-6942

SOUZA, V. L. et al. Caracterização dos répteis descartados por mantenedores particulares e entregues ao centro de conservação e manejo de répteis e anfíbios. RAN, v.4, n.2, 2008. doi: http://dx.doi.org/10.5216/rbn.v4i2.5215

SOUZA, V.L. et al. Caracterização dos répteis descartados por mantenedores particulares e entregues ao Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbio. RAN, v.4, 2007. doi: http://dx.doi.org/10.5216/rbn.v4i2.5215

STEHMANN, J.R.; SOBRAL, M. Biodiversidade no Brasil. In: SIMÕES, C.M.O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. p.1-10.

VALDEZ, J.W. Using Google Trends to determine current, past, and future trends in the reptile pet trade. Animals, v.11, n.3, p.676, 2021. doi: https://doi.org/10.3390/ani11030676

VASCONCELOS, A.S.S. Tráfico internacional de animais silvestres no Brasil. Rev Ibero-Am. Hum. Ciênc. Educ., v.9, n.5, p.4390-4413, 2023. doi: https://doi.org/10.51891/rease.v9i5.10211

VILELA, D.A.D.R.; BARRETO, C.; OLIVEIRA, D.M.P.D. Principais ameaças e medidas de salvaguarda aos animais silvestres. MPMG Jurídico: Rev. Ministério Público Estado Minas Gerais, p.18-25, 2016.

VILELA, D.A.R. Diagnóstico de situação dos animais silvestres recebidos nos CETAS brasileiros e Chlamydophila psittaci em papagaios (Amazona aestiva) no CETAS. 2012. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/SMOC-9F4GS6. Acesso em: 10 jul. 2025.

WANG, P.; CANALLI, Y.; ZIMBRÃO, G. Web Service do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil - Manual. 2018. Disponível em: https://dspace.jbrj.gov.br/jspui/handle/doc/124. Acesso em: 10 jul. 2025.

Downloads

Publicado

2025-08-11

Como Citar

CAMPOS DOS SANTOS, Marilúcia; SOUZA MASCARENHAS, Sanderly; ALBUQUERQUE VIEIRA, Renan Luiz; BAHIA CERQUEIRA, Robson; DA SILVA CAVALCANTE, Ana Karina; TARGINO SILVA ALMEIDA MACEDO, Juliana; OCAMPOS PEDROSO, Pedro Miguel. Estudo Quantitativo de Répteis Recebidos em Centros de Triagem de Animais Silvestres da Bahia, Brasil, de 2009 a 2019. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, [S. l.], v. 29, n. 3, p. 702–715, 2025. Disponível em: https://ensaioseciencia.pgsscogna.com.br/ensaioeciencia/article/view/13766. Acesso em: 19 ago. 2025.

Edição

Seção

Artigos