Tricotilomania: uma Visão Geral de Aspectos Neurobiológicos e Comportamentais
DOI:
https://doi.org/10.17921/1415-6938.2018v22n1p27-32Resumo
A tricotilomania - TTM é uma tricose compulsiva, com sinais dermatológicos, causados por distúrbios do sistema nervoso central, que leva o indivíduo a arrancar o próprio cabelo, a fim de tentar reestabelecer um estado de desequilíbrio interno por meio de atitudes externas. Foi descrita como uma síndrome médica, pela primeira vez, em 1889, possuindo destaque relativamente recente na literatura. Sua incidência tem sido progressiva, após terem surgido critérios mais específicos para distingui-la de doenças dermatológicas, psiquiátricas ou de maus hábitos. Almejando um diagnóstico mais eficiente, o ideal seria uma associação entre recursos dermatológicos e psiquiátricos, a partir dos quais poderá ser traçado um planejamento terapêutico. Apesar da existência de numerosos estudos relacionados ao tratamento, os mesmos apresentam pouca confiabilidade por possuírem, em sua maioria, amostra de pequena quantidade de pessoas, falta de randomização de pacientes para condições de tratamento e/ou dependência de medidas de autoavaliação. Os aspectos discutidos nessa revisão permitem entender a complexidade da etiologia dessa doença, porém ainda há muito a ser estudado referente os aspectos neurobiológicos e comportamentais associados à tricotilomania. Nenhuma pesquisa clínica apresenta tratamentos padronizados para a tricotilomania, porém não se recomendam tratamentos unicamente medicamentosos, quando necessária, a farmacoterapia só deve ser indicada associada à terapia comportamental.
Palavras-chave: Tricotilomania. Etiologia. Epidemiologia. Diagnóstico. Terapia Combinada.
Abstract
Trichotillomania - TTM is a compulsive trichosis with dermatologic signs caused by central nervous system disorders that leads the individual to start pulling their own hair in order to try to restore a state of internal imbalance through external actions. It was described as a medical syndrome for the first time in 1889 having relatively recente highlight in the literature. Its incidence has been progressively emerged after more specific criteria to distinguish it from skin diseases, psychiatric diseases or bad habits. Aiming at a more efficient diagnosis, the ideal would be an association between dermatological and psychiatric resources from which a therapeutic plan could be drawn. Despite the existence of numerous studies that discuss the treatment, they present poor reliability by having mostly small sample of people, lack of randomization patients for treatment conditions and / or dependence of self assessment measures. This review allows us to understand the complexity of this disease etiology, although, a lot remains to be studied regarding the neurological and behavioral aspects associated with trichotillomania. No clinical research has standardized treatments for trichotillomania, however, only drug treatments are not recommended. When necessary, pharmacotherapy should only be indicated associated with behavioral therapy.
Keywords: Trichotillomania. Etiology. Epidemiology. Diagnosis. Combined Modality Therapy.
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