Estudo Etnobotânico de Plantas Tóxicas na Comunidade de Salobra Grande, Porto Estrela - Mato Grosso

Autores

  • Simone Santos de Oliveira Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.
  • Suzam Lenni da Silva Pereira Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Genética e Biologia Molecular. BA, Brasil.
  • Patrícia Simone Palhana Moreira Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.
  • Viviane Luiza Hunhoff Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.
  • Rogério Pinto de Moura Moreira Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.
  • Paula Alexandra Soares da Silva Nunes Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.
  • Josué Ribeiro da Silva Nunes Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.
  • Rogério Benedito da Silva Añez Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.17921/1415-6938.2018v22n1p12-16

Resumo

Este trabalho teve como objetivo verificar quais são as plantas tóxicas presentes nos quintais das casas de uma comunidade tradicional e conhecer para que fins estes moradores mantinham essas plantas. Foram realizadas entrevistas com a utilização de formulários com perguntas abertas e semiestruturadas, em que nove famílias foram entrevistadas. A maioria dos entrevistados tinha mais de 30 anos de idade, 56% dos entrevistados afirmaram que já tinham ouvido falar de plantas tóxicas. A família Araceae teve maior representatividade, seguida de Liliaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae, Annonaceae, Dioscoreaceae, Solanáceae e Labiatae e a espécie mais encontrada nas residências foi a espada de são jorge (Sansevieria sp), pertencente à família Liliaceae. Algumas espécies tóxicas são utilizadas de forma medicinal como a mamona (Ricinus communis L) e na alimentação, taioba (Colocasia antiquorum Schott), tomate, inhame e pinha (Lycopersicon sp, Dioscorea sp e Annona squamosa respectivamente). Algumas plantas são utilizadas para proteção da casa e contra mau olhado como comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta Schott) e pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia). A espécie Sansevieria sp (espada de são Jorge) é utilizada em rituais religiosos e também na proteção da casa.

Palavras-chave: Conhecimento de Plantas. Uso de Plantas. Comunidades Tradicionais.

Abstract

This research had as main purpose to verify the toxic plants species in the backyard of a traditional community and know why these people keep these species. Interviews were carried out using forms with open and semi-structured questions, nine families were interwied. The majority of respondents were more than 30 years old, 56% of respondents stated that they had already heard of toxic plants. The Araceae family had greater representativeness, followed by Liliaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae, Annonaceae, Dioscoreaceae, Solanáceae and Labiatae and the most common species found in homes was espada de são jorge (Sansevieria sp), bellonging to Liliaceae family. Some toxic species are used medicinally as castor beans (Ricinus communis L) and feeding taioba (Colocasia antiquorum Schott), tomato, yam and custard apple (Lycopersicon sp, Dioscorea sp and Annona squamosa respectively). Some plants are used for home protection and against evil eye as comigoninguém-pode (Dieffenbachia picta Schott) and pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia). The specie Sansevieria sp (espada de são Jorge) It is used in religious rituals and also protect the home.

Keywords: Plant Knowledge. Use of Plants. Traditional Communities.

Biografia do Autor

Simone Santos de Oliveira, Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

Bióloga e Mestre em Genética e melhoramento de plantas pela Universdiade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT.

Suzam Lenni da Silva Pereira, Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Genética e Biologia Molecular. BA, Brasil.

Doutoranda em Genética e Biologia Molecular. Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Produção Vegetal - PPGPV pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. Graduada em Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT.

Patrícia Simone Palhana Moreira, Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

Mestrado em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola - PPGASP pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT (2015), Graduada em Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Biológicas também pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2011)

Viviane Luiza Hunhoff, Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

BACHAREL E LICENCIADA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PELA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO - Campus DE TANGARÁ DA SERRA - MT EM 2012. MESTRE EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS PELA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO, Campus DE TANGARÁ DA SERRA-MT EM 2015

Rogério Pinto de Moura Moreira, Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela UFMT-Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Cuiabá. Possui Lincenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Campus Tangará da Serra

Paula Alexandra Soares da Silva Nunes, Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso.

Josué Ribeiro da Silva Nunes, Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

Biólogo, doutor em Ecologia, prof, adjunto da área de Ecologia da UNEMAT - campus Tangará da Serra - MT.

Rogério Benedito da Silva Añez, Universidade do Estado de Mato Grosso. MT, Brasil.

Biólogo, doutor em Botânica, prof, adjunto da área de Botânica da UNEMAT - campus Tangará da Serra - MT.

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Publicado

2018-04-30

Como Citar

OLIVEIRA, Simone Santos de; PEREIRA, Suzam Lenni da Silva; MOREIRA, Patrícia Simone Palhana; HUNHOFF, Viviane Luiza; MOREIRA, Rogério Pinto de Moura; NUNES, Paula Alexandra Soares da Silva; NUNES, Josué Ribeiro da Silva; AÑEZ, Rogério Benedito da Silva. Estudo Etnobotânico de Plantas Tóxicas na Comunidade de Salobra Grande, Porto Estrela - Mato Grosso. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, [S. l.], v. 22, n. 1, p. 12–16, 2018. DOI: 10.17921/1415-6938.2018v22n1p12-16. Disponível em: https://ensaioseciencia.pgsscogna.com.br/ensaioeciencia/article/view/4023. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos