Parvovirose Canina: uma Avaliação Integrada dos Sinais Clínicos e das Alterações Hematológicas Associadas ao Prognóstico

Resumo

A parvovirose canina é uma afecção viral de grande relevância em cães devido a sua alta transmissibilidade e morbidade, apresentando sintomatologia e alterações hematológicas características. Apesar de diversos fatores como raça, idade e leucopenia serem citados por influenciarem no prognóstico, os resultados ainda são divergentes. Assim, buscou-se associações entre as características da população, a sintomatologia e o hemograma com a evolução clínica de cães com parvovirose. Foram analisados 69 cães positivos para parvovirose, com até 12 meses de idade atendidos pelo Hospital Veterinário da Universidade Federal do Mato Grosso. A idade média dos cães foi de 3,9 meses, sendo a maioria machos (52,2%), de raça definida (79,7%), vacinados (68,1%) e vermífugados (75,4%). Os sinais clínicos apresentados foram abdominalgia (56,5%), alterações nas fezes (84%1%), anorexia (89,9%), desidratação (73,9%), êmese (89,9%) e prostração (78,3%). A alteração hematológica mais frequente foi a leucopenia (62,8%). A maior parte dos cães sobreviveu à infecção (65,2%). Não houve associação entre a idade, o sexo, a raça e a vacinação ou vermifugação com o prognóstico. Entretanto, houve associação entre a evolução e a presença de leucopenia, demonstrando que cães com leucopenia possuem maior risco de óbito. A presença de monócitos ativados e linfócitos reativos apresentou associação com a evolução e indica um prognóstico favorável. Portanto, as alterações morfológicas juntamente com o leucograma trazem informações valiosas para o prognóstico e direcionamento da conduta clínica no tratamento de cães com parvovirose.

Palavras-chave: Enterite Hemorrágica. Hemograma. Parvovírus. Sintomatologia.

Abstract

Canine parvovirus is a very important viral disease in dogs due to its high transmissibility and morbidity, presenting symptoms and characteristic hematological changes. Although several factors such as breed, age and leukopenia have been mentioned in the literature as influencing prognosis, the results are still divergent. Thus, we explore relationships between population data, symptomatology and hemogram with clinical outcome of dogs with parvovirus. Sixty nine dogs with parvovirus up to 12 months of age treated at the Veterinary Hospital of the Federal University of Mato Grosso were analyzed. The average age of the dogs was 3.9 months, and most of them were males (52.2%), full-blooded breed (79.7%), vaccinated (68.1%), and dewormed (75.4%). The clinical signs presented were abdominalgia (56.5%), changes in feces (84%1%), anorexia (89.9%), dehydration (73.9%), emesis (89.9%) and prostration (78.3%). The most frequent hematological alteration was leukopenia (62.8%). Most of the dogs survived the infection (65.2%). There was no association between age, sex, breed, and vaccination or deworming with the prognosis. However, leukopenia was associated with survival outcome, showiting that dogs with leukopenia have a higher risk of death. The presence of activated monocytes and reactive lymphocytes was associated with the outcome and indicates a favorable prognosis. Therefore, the morphological alterations together with the leukogram provide valuable information for the prognosis and direction of the clinical management in the treatment of dogs with parvovirus.

Keywords: Clinical Outcome. Hemorrhagic Enteritis. Hemogram. Parvovirus. Symptomatology.